Não pode comprar calças jeans novas a inflação de 100% da Argentina atrai multidões para feiras de roupas usadas.

Não consegue adquirir calças jeans novas? A inflação de 100% na Argentina está levando multidões às feiras de roupas usadas!

BUENOS AIRES, 13 de Novembro (ANBLE) – Argentinos com dificuldades financeiras, apertando os cintos com a inflação em 140% e em ascensão, estão cada vez mais recorrendo ao mercado de roupas usadas, tanto para encontrar pechinchas acessíveis quanto para obter dinheiro extra vendendo roupas antigas.

O país sul-americano, a segunda maior economia da região e um importante exportador de grãos, está enfrentando a pior crise em décadas. Dois quintos das pessoas vivem na pobreza e uma iminente recessão está abalando o segundo turno das eleições presidenciais da Argentina no próximo domingo.

A crescente raiva dos eleitores está impulsionando um outsider radical, Javier Milei, que é o favorito nas pesquisas para derrotar o ministro da economia Sergio Massa, candidato da coalizão governista Peronista, cuja candidatura tem sido prejudicada pelo seu fracasso em conter os preços em alta.

“Você não pode simplesmente ir ao shopping e comprar algo que você gosta como fazia antes. Hoje, os preços são impensáveis”, disse Aylen Chiclana, estudante de 22 anos em Buenos Aires.

Calças jeans novas custam mais que o dobro do preço de um ano atrás e essa compra representa sozinha mais de um terço do salário mínimo mensal da Argentina.

Inflação anualizada, já em 138%, está prevista para subir ainda mais quando as autoridades divulgarem os dados oficiais de outubro na segunda-feira, com a alta mensal estimada em cerca de 10%, ligeiramente abaixo dos picos de agosto e setembro.

A Argentina tem lutado contra uma alta inflação há anos, que ANBLEs atribuem à impressão de dinheiro e a uma falta de confiança arraigada no peso local. A inflação acelerou no último ano, atingindo a maior taxa desde 1991.

Beatriz Lauricio, professora semi-aposentada de 62 anos, disse que ela e seu marido, funcionário de uma empresa de ônibus, vão aos fins de semana para uma feira de roupas usadas para conseguir pagar as contas.

“Somos classe média, diria até classe média-baixa. Temos nossos empregos, mas precisamos ir para a feira”, disse ela, acrescentando que quando a feira foi cancelada um fim de semana por causa do mau tempo, as finanças do casal “entraram em colapso”.

“Não estamos fazendo isso para ter um dinheiro extra para irmos de férias para o Brasil, fazemos isso por necessidade diária”, disse Lauricio.

María Silvina Perasso, organizadora da feira de roupas em Tigre, nos arredores de Buenos Aires, disse que muitas pessoas compram lá porque os preços aumentaram muito mais rápido do que os salários. O salário mínimo mensal local é de 132.000 pesos, $377 na taxa de câmbio oficial, mas metade disso na taxa de câmbio do mercado devido aos controles de capital – restrições nas transações de câmbio estrangeiro.

“Com a economia como está, eles compram roupas por 5% ou 10% do valor de uma loja e podem comprar coisas para suas famílias”, disse ela.

María Teresa Ortiz, aposentada de 68 anos, vive com sua pensão e com trabalhos de costura ocasionais, onde ela ganha 400 pesos por hora, oficialmente cerca de um dólar. Ela vai à feira para conseguir comprar roupas que não poderia comprar de outra forma.

“Simplesmente não podemos comprar coisas novas. Não podemos comprar tênis novos, não podemos comprar chinelos novos, não podemos comprar calças jeans novas, não podemos comprar uma camisa ou camiseta também. Então temos que procurá-los nas feiras”, disse ela.

($1 = 349.9500 pesos argentinos)

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