Autoridade global de supervisão bancária descarta a necessidade de mudança após o debacle do Credit Suisse

Autoridade bancária global descarta mudanças após desastre do Credit Suisse

LONDRES, 10 de outubro (ANBLE) – Um órgão global com supervisão bancária minimizou o resgate do Credit Suisse, afirmando que não há necessidade de uma reforma nas regras internacionais escritas após a crise financeira global há mais de 15 anos para evitar um colapso semelhante.

O Financial Stability Board, um influente grupo de banqueiros centrais, reguladores e autoridades dos principais poderes econômicos do mundo, divulgou seu relatório de “lições a serem aprendidas” na terça-feira, concluindo que o quadro foi um sucesso.

Em particular, examinou por que as autoridades suíças optaram por apoiar uma aquisição por uma empresa maior, UBS, em vez de liquidar o banco por meio de um mecanismo de “resolução” projetado após a crise financeira global de 2008.

Os oficiais resumiram que as regras de “resolução” para encerrar um banco em colapso sem assustar os mercados poderiam ter funcionado para o Credit Suisse, embora ainda fosse provavelmente necessário dinheiro público para essas liquidações.

“Esta análise conclui que eventos recentes demonstram a solidez do quadro de resolução internacional, pois ofereceu às autoridades suíças uma alternativa executável à solução que eles consideraram preferível”, disse o FSB.

Segundo o relatório, talvez seja necessário aprimorar a forma como as regras são aplicadas, em vez de fazer mudanças em seu conteúdo.

O relatório contrasta com uma enxurrada de críticas ao acordo deste ano, quando o UBS Group (UBSG.S) emergiu como o maior banco da Suíça depois que o governo organizou às pressas e financiou parcialmente a aquisição do Credit Suisse em dificuldades.

O colapso de um dos maiores bancos do mundo e um símbolo do poder financeiro suíço pegou de surpresa as autoridades e reguladores do país, que há muito tempo lidavam com o banco enquanto este se envolvia em escândalos.

Também foi um teste para as regras escritas após a crise financeira de 2008.

Após os contribuintes resgatarem os bancos durante aquela crise, os reguladores criaram regras para “resolver” as instituições financeiras em dificuldades, como a redução da dívida de um banco para recompor o capital ou a transferência de depósitos para outro banco.

O quadro de 11 anos tinha como objetivo acabar com a situação em que os bancos eram “grandes demais para quebrar” ou mantinham as autoridades reféns em uma crise para evitar pânico nos mercados.

O relatório não critica a Suíça, embora o governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, tenha afirmado que os suíços não seguiram o “manual”, criando “ambiguidade” nos mercados em relação à credibilidade da resolução de grandes bancos.

O FSB afirmou que a ação da Suíça preservou a estabilidade financeira, embora tenha levantado questionamentos sobre por que a abordagem de resolução não foi escolhida.

O FSB afirmou que o caso suíço destacou que, para utilizar de forma eficaz as regras de resolução, é necessário um apoio adequado do setor público, como uma linha de crédito do banco central, fundos de seguro de depósito ou empréstimos fiscais.

As autoridades também podem precisar estar mais preparadas para uma maior velocidade de corridas bancárias devido à disponibilidade de pagamentos 24 horas, serviços bancários móveis e mídias sociais, disse o FSB.