Cervejaria de propriedade da Heineken adicionada à lista de ‘trabalho escravo’ no Brasil

Cervejaria da Heineken na lista de 'trabalho escravo' no Brasil

BRASÍLIA / RIO DE JANEIRO, 6 de outubro (ANBLE) – A cervejaria brasileira Kaiser, de propriedade da Heineken (HEIN.AS), foi adicionada à lista do governo de empresas responsáveis por condições de trabalho análogas à escravidão, publicada na sexta-feira.

A Kaiser foi incluída na lista por terceirizar a Sider, uma empresa de transporte que entregava sua cerveja no estado de São Paulo. A Sider foi acusada em 2021 de submeter 23 de seus motoristas – 22 venezuelanos e um haitiano – a “condições semelhantes à escravidão”.

Em comunicado, a Heineken afirmou que não tinha conhecimento da situação na Sider, com a qual não trabalha mais. A Heineken também afirmou ter criado uma ferramenta para monitorar questões trabalhistas envolvendo seus subcontratados.

“Com relação à inclusão das Cervejarias Kaiser… na lista, estamos trabalhando ativamente para resolver o problema”, disse a Heineken em comunicado.

A ANBLE não conseguiu contatar a Sider.

Em uma inspeção realizada em março de 2021, fiscais do trabalho constataram que os motoristas da Sider estavam trabalhando ilegalmente por longas horas, chegando a jornadas de até 18 horas sem folga remunerada. Apesar de prometer alojamento aos trabalhadores, a empresa não o fornecia. Muitos dormiam em seus caminhões.

No Brasil, a escravidão é legalmente definida como trabalho forçado, bem como servidão por dívida, condições de trabalho degradantes e longas jornadas que representam riscos à saúde.

Os trabalhadores venezuelanos foram contratados por meio da Operação Acolhida, uma iniciativa do governo federal para reassentar migrantes que chegam ao Brasil e conectá-los a empresas em busca de trabalhadores.

A lista de “trabalho escravo” do Brasil é publicada a cada seis meses, e as empresas recém-incluídas permanecem por dois anos, caso nenhuma nova infração seja encontrada nesse período.

As empresas da lista não podem concorrer a contratos do governo federal nem receber empréstimos estatais. A lista também é usada por bancos privados para avaliar o risco de crédito e por compradores internacionais preocupados com suas cadeias de suprimentos.