Rússia está transferindo crianças ucranianas para Belarus, onde estão sujeitas a treinamento militar e reeducação, revela relatório.

Rússia envia crianças ucranianas para Belarus para férias educativas militares, de acordo com relatório surpreendente.

  • Desde o início da guerra, milhares de crianças ucranianas têm sido separadas de suas famílias.
  • Um novo estudo descobriu que mais de 2.000 dessas crianças estão agora na Bielorrússia.
  • Na Bielorrússia, algumas crianças foram reeducadas por nacionalistas e receberam treinamento militar.

Um recente relatório da Universidade Yale lança nova luz sobre a situação das crianças ucranianas deportadas pela Rússia, muitas das quais, segundo o relatório, estão sendo submetidas a treinamento militar e reeducação.

O Laboratório de Pesquisa Humanitária da Escola de Saúde Pública de Yale, que estudou a deportação de milhares de crianças ucranianas, descobriu que os governos russo e bielorrusso trabalharam em conjunto para organizar essas deportações. O relatório se baseou principalmente em pesquisas de código aberto e imagens de satélite de alta resolução.

Pelo menos 2.442 crianças da Ucrânia foram levadas para a Bielorrússia desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, de acordo com o relatório. Os dois países aliados coordenaram o transporte das crianças – que têm entre seis e 17 anos – de sua casa para uma nova vida na Bielorrússia, muitas vezes passando primeiro pela Rússia, diz o relatório.

O relatório descobriu que oito das 13 instalações para as quais as crianças são levadas na Bielorrússia incluem programas de reeducação que servem aos “interesses políticos do regime bielorrusso”.

Em alguns casos, esses programas incluem treinamento militar, de acordo com a Yale.

Pelo menos nove grupos de crianças foram submetidos a programas de reeducação e pelo menos seis grupos de crianças foram obrigados a enfrentar algum tipo de treinamento militar, aponta o relatório.

Há pelo menos dois grupos de crianças deportadas da Ucrânia que foram levadas para as bases das Tropas Internas da Bielorrússia, uma força paramilitar de aplicação da lei no país, afirma o relatório. A unidade militar desempenhou um papel significativo na repressão violenta dos protestos pró-democracia nos últimos anos.

As tropas bielorrussas submeteram crianças ucranianas a treinamento militar que inclui manuseio de armas de fogo, uso de coletes à prova de balas e observação de desfiles militares, palestras e demonstrações de combate, de acordo com o relatório.

Dezenas de crianças também receberam tratamento médico de natureza incerta, chamado de “reabilitação” pelo governo bielorrusso, segundo o relatório.

Um hospital relatou que as crianças foram obrigadas a participar de “terapias de exercícios e correção psicológica em grupo, massagem e haloterapia, tratamento com água e eletroterapia”.

Em outubro, um grupo de 37 crianças ucranianas chegou à Bielorrússia, onde passaram por “avaliações médicas” não especificadas, durante as quais também foram reeducadas, descobriu o relatório.

O número total de crianças ucranianas deportadas é desconhecido. Mas números oficiais da Ucrânia sugerem que quase 20.000 crianças foram deportadas ou deslocadas à força, conforme relatado pela CNN em julho.

A comissária de crianças da Rússia, Maria Lvova-Belova, afirmou neste verão que mais de 700.000 crianças ucranianas haviam sido levadas da Ucrânia para a Rússia, acrescentando que a grande maioria dessas crianças foi acompanhada por seus pais e parentes.

Em março, o Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de prisão contra o presidente russo Vladimir Putin e Lvova-Belova sob acusações de remover ilegalmente crianças da Ucrânia para a Rússia desde o início da guerra.

O direito humanitário internacional proíbe a transferência ou deportação forçada de pessoas protegidas.

Algumas crianças ucranianas afirmam terem sido colocadas em famílias adotivas russas, enquanto outras estão sendo repatriadas para o país.