A China poderia fazer ‘muito’ para reduzir a percepção de risco da UE – chefe de comércio da UE
China could do a lot to reduce EU's risk perception - EU trade chief.
PEQUIM, 25 de setembro (ANBLE) – A União Europeia não tem intenção de cortar laços com a China, mesmo enquanto o bloco toma medidas para diminuir as dependências econômicas e os riscos, mas a China “poderia fazer muito” para ajudar a reduzir a percepção de risco, disse o chefe de comércio da UE na segunda-feira.
A UE tem se queixado há muito tempo da falta de igualdade de condições na China e da politização do ambiente empresarial. A preocupação se transformou em cautela após o movimento de Pequim para fortalecer os laços com Moscou, apesar da guerra na Ucrânia.
Os laços econômicos da Europa com a China são profundos, mas a China “poderia fazer muito para ajudar a reduzir nossa percepção de risco”, disse o Comissário de Comércio Valdis Dombrovskis em um discurso proferido na Universidade Tsinghua, em Pequim.
A China também anunciou novas leis este ano, incluindo uma lei de relações exteriores que adverte contra “atos” prejudiciais aos interesses nacionais da China e uma lei antiespionagem que proíbe a transferência de informações relacionadas à segurança nacional que não especifica, aumentando os riscos de conformidade para empresas estrangeiras.
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“Sua ambiguidade permite muita margem para interpretação”, disse Dombrovskis.
“Isso significa que as empresas europeias têm dificuldade em entender suas obrigações de conformidade: um fator que diminui significativamente a confiança empresarial e desestimula novos investimentos na China.”
Espera-se que Dombrovskis compartilhe suas preocupações com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng em um diálogo econômico e comercial de alto nível em Pequim na segunda-feira.
Também se espera que ele reitere o descontentamento da UE com os desequilíbrios comerciais. Os dados alfandegários chineses mostram que o déficit comercial da UE com a China aumentou para US$ 276,6 bilhões em 2022, ante US$ 208,4 bilhões no ano anterior.
Ao mesmo tempo, a China pressionará Dombrovskis para explicar a estratégia de desrisco da UE.
“Nossa estratégia não é protecionista e é agnóstica em relação aos países”, disse Dombrovskis.
Assim como a Europa está se afastando do petróleo, gás e carvão russos, a UE está avaliando sua dependência da China para algumas matérias-primas e componentes, bem como os fatores que impulsionam a competitividade de alguns produtos chineses no mercado europeu.
A Comissão Europeia declarou recentemente que investigará a imposição de tarifas para proteger os produtores europeus de uma “inundação” de importações mais baratas de veículos elétricos chineses que, segundo ela, se beneficiam de subsídios estatais.
A UE afirmou estar aberta à concorrência, inclusive no setor de veículos elétricos, mas que a concorrência precisa ser justa. A China criticou a investigação como protecionista.
“O lado europeu tem repetidamente assegurado ao lado chinês que ‘desrisco’ não significa ‘desacoplamento'”, escreveu o tabloide chinês nacionalista Global Times em um editorial.
“Acreditamos que eles estão sendo sinceros ao dizer isso. No entanto, não podemos aceitar e nos opomos veementemente ao uso do protecionismo comercial para ‘desrisco'”, disse.