Exportações de automóveis do Brasil devem despencar este ano devido à crise na Argentina

Exportações de automóveis do Brasil devem cair devido à crise na Argentina.

SAO PAULO, 6 de outubro (ANBLE) – As exportações de automóveis do Brasil devem despencar dois dígitos em 2023 em comparação com o ano anterior, disse a associação de fabricantes de automóveis Anfavea na sexta-feira, à medida que uma grave crise econômica na vizinha Argentina afeta os envios para o país.

A associação afirmou em comunicado que agora projeta uma queda de 12,7% nas exportações em 2023, para 420.000 veículos, uma redução significativa em relação à estimativa anterior de uma queda de 2,9% no período.

“As exportações têm sido o principal ponto de alerta para o setor automotivo nos primeiros nove meses do ano”, disse.

De acordo com a Anfavea, a crise na Argentina fez com que o país – que tem no Brasil seu maior parceiro comercial – perdesse sua posição como o principal destino das exportações brasileiras de automóveis para o México neste ano.

A Argentina, que realizará uma eleição presidencial em 22 de outubro, vem enfrentando uma crise há anos, com uma inflação anual superior a 120% em 2023. Suas reservas líquidas no banco central são negativas e o governo foi obrigado a desvalorizar o peso em 20% em agosto.

Nos primeiros nove meses de 2022, a Anfavea informou que as exportações de automóveis do Brasil já diminuíram 11,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Além da crise argentina, a associação afirmou que as perdas de participação de mercado em outros países, como Chile e Colômbia, também afetaram os envios do Brasil.

No Brasil, por outro lado, o mercado automobilístico teve um desempenho melhor do que o previsto anteriormente, o que levou o grupo a revisar sua previsão de vendas locais este ano para 2,23 milhões de veículos, acima dos 2,17 milhões projetados anteriormente.

Isso representaria um aumento de 6% em relação ao ano anterior, disse.

O mercado brasileiro foi beneficiado por um programa governamental temporário lançado em junho para reduzir os preços dos veículos por meio de benefícios fiscais. Os créditos tributários oferecidos pelo programa se esgotaram rapidamente, mas o mercado permaneceu aquecido mesmo depois disso.

“Havia o medo de que o mercado se contraísse após o fim dos créditos oferecidos pelo governo federal”, disse o chefe da Anfavea, Marcio de Lima Leite. “As vendas diárias médias, no entanto, têm crescido consistentemente nos últimos dois meses.”

As vendas mais altas, no entanto, não significam necessariamente uma maior produção local.

“Dois terços dessa demanda doméstica aumentada estão sendo atendidos por produtos importados”, disse Leite.

Dessa forma, a Anfavea acrescentou que agora prevê um aumento leve de 0,1% na produção de automóveis do Brasil em 2023 em relação ao ano anterior, menos do que a expansão de 2,2% anteriormente estimada. Ela prevê que a produção totalizará 2,37 milhões de veículos no período.