Leve Cinco Adeus a um agosto conturbado

Goodbye to a turbulent August - Leve Cinco

25 de agosto, (ANBLE) – Investidores do mercado de títulos machucados buscarão algum alívio nos dados de empregos dos Estados Unidos e nos números de inflação europeus na próxima semana, enquanto a China luta para fortalecer seus mercados e economia, e a perspectiva para grãos é incerta.

Aqui está uma olhada na semana que se aproxima nos mercados por Lewis Krauskopf em Nova York, Kevin Buckland em Tóquio, Yoruk Bahceli em Amsterdã, e Nigel Hunt e Dhara Ranasinghe em Londres.

1/QUENTE, FRIO – OU APENAS CERTO?

Com os rendimentos dos títulos do Tesouro disparando e as ações oscilando, dados importantes nos próximos dias testarão a temperatura da economia dos Estados Unidos, já que os investidores temem que o Federal Reserve possa manter as taxas de juros elevadas por mais tempo.

O relatório de emprego de agosto divulgado na sexta-feira é o destaque: os números de empregos não-agrícolas de julho mostraram que a economia adicionou menos empregos do que o esperado, mas ganhos salariais sólidos e uma taxa de desemprego em declínio para 3,5% apontaram para a continuidade das condições apertadas do mercado de trabalho.

Outros dados, como confiança do consumidor, estado da manufatura e inflação, com o último índice de despesas de consumo pessoal, também são esperados.

As leituras vêm logo após os formuladores de políticas do banco central se reunirem para o encontro anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, e os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos atingirem o mais alto desde 2007.

2/ A PARTE DIFÍCIL

Por um ano, era óbvio que o BCE aumentaria as taxas para conter a alta inflação – sua taxa-chave subiu rapidamente para 3,75% de abaixo de 0%.

Agora vem a parte difícil, à medida que a economia enfraquece. Dados mostrando uma queda na atividade empresarial convenceram muitos traders de que uma pausa em setembro é provável. No entanto, o número preliminar de inflação na área do euro em agosto, que segue os lançamentos de alguns estados membros, pode ser o fator decisivo.

Os preços ao consumidor da zona do euro subiram 5,3% em julho, em comparação com 5,5% em junho, estendendo uma tendência de queda que começou no outono passado. O indicador fundamental observado de perto ficou estável em 5,5%, mas a inflação de serviços aumentou.

O Bundesbank da Alemanha alertou para o crescente risco de que o crescimento dos preços ao consumidor fique acima de 2%. O aumento de 20% nos preços do gás europeu em agosto sugere que a desinflação pode ser lenta. Ainda é cedo para descartar um aumento em setembro.

3/ SEPARANDO-SE

Investidores de títulos estão ansiosos para deixar para trás um agosto doloroso que fez repensar por quanto tempo as taxas permanecerão altas, à medida que uma economia forte dos Estados Unidos afasta ainda mais o fundo de recessão que os gestores de fundos têm procurado há muito tempo.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de prazo mais longo dispararam para a máxima de 16 anos e as taxas reais, ajustadas à inflação futura, subiram acima de 2% pela primeira vez desde 2009, deixando os mercados de ações nervosos.

Mas, assim que os investidores estavam digerindo essa narrativa, uma queda acentuada na atividade empresarial indicava mais dor à frente para as economias cambaleantes da Europa, levando a quedas de dois dígitos nos rendimentos dos títulos britânicos e alemães nos últimos dias.

Agora, os títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos estão caminhando para sua pior performance mensal desde fevereiro, com os rendimentos subindo quase 30 pontos-base em agosto. Mas uma perspectiva mais sombria resultou em aumentos menores nos rendimentos alemães e britânicos.

4/ UM NAVIO GIGANTE

A China está tomando medidas cada vez mais fortes para revitalizar as ações em queda, uma moeda estagnada, um mercado imobiliário instável e uma economia em dificuldades – exceto o que os investidores querem: um estímulo fiscal audacioso.

Os últimos dias viram mais de 100 empresas A-share anunciando recompras a pedido dos reguladores, que estão empenhados em fortalecer a confiança do mercado. O PBOC estabeleceu pontos médios para o yuan muito mais fortes do que o esperado, estabelecendo um piso acima das mínimas de 9 meses.

Imóveis estão no centro da tempestade – sites de desenvolvimento da Country Garden em silêncio mostram o estado lamentável do setor. Alguns desenvolvedores não têm dinheiro para pagar trabalhadores – ou obrigações de dívida.

O presidente Xi Jinping disse em uma cúpula do BRICS que a economia da China é um “navio gigante” que “avançará”. PMIs na quinta e sexta-feira fornecerão as evidências mais recentes de vazamentos.

5/ AMARGO DOCE

O El Niño – que surgiu pela primeira vez em sete anos – representa uma ameaça crescente ao fornecimento global de alimentos, com o Centro de Previsão do Clima dos EUA afirmando que o fenômeno climático deve se fortalecer durante o inverno de 2023/24.

As chuvas de monções na Índia têm sofrido, e este mês está prestes a ser o agosto mais seco desde o início dos registros em 1901. O país mais populoso do mundo já está preocupado com a ameaça à produção de vários produtos básicos, incluindo arroz e açúcar.

A proibição de exportação de arroz branco não-basmati pela Índia no mês passado fez com que os preços globais subissem rapidamente, e espera-se que o país proíba os moinhos de exportar açúcar a partir de outubro.

A produção agrícola em outros países asiáticos, incluindo a Indonésia, importante produtora de óleo de palma e café, e a Tailândia, uma das principais exportadoras de açúcar do mundo, também deve ser afetada pelo clima seco nos próximos meses.