O Brasil busca benefícios fiscais para o setor de energia, desencadeando um debate entre ‘verde’ versus petróleo

O Brasil debate benefícios fiscais para energia, verde versus petróleo.

BRASÍLIA, 31 de agosto (ANBLE) – O governo do Brasil pretende tornar mais projetos de energia elegíveis para benefícios fiscais importantes, no entanto, os principais ministérios envolvidos discordam sobre se devem favorecer uma agenda “verde” ou incluir projetos de petróleo e refinarias, de acordo com um alto funcionário e um documento visto pela ANBLE.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu liderar uma transição para fontes de energia renovável de próxima geração, mas ainda está comprometido em desenvolver uma indústria petrolífera estatal.

O último ponto de discórdia é um decreto proposto que expande o regime tributário REIDI, que agora favorece projetos de infraestrutura selecionados, incluindo geração de eletricidade, redes de energia e instalações de gás natural. No ano passado, mais de 500 projetos de energia qualificados receberam cerca de 9 bilhões de reais (US$ 1,85 bilhão) em isenções fiscais.

O Ministério da Fazenda propôs que uma ampla gama de investimentos na transição energética do Brasil – desde biocombustíveis e hidrogênio verde até captura e armazenamento de carbono – deva se qualificar tanto para os benefícios fiscais do REIDI quanto para benefícios fiscais no mercado de títulos privados.

Os incentivos fiscais propostos fazem parte de uma agenda mais ampla para uma “transformação verde” da economia do Brasil, que incluiria a criação de um mercado de carbono regulamentado e a emissão dos primeiros títulos soberanos “sustentáveis” do país.

No entanto, altos funcionários do Ministério de Minas e Energia estão pressionando para ampliar os incentivos para incluir refinarias de petróleo e instalações de armazenamento de combustível. Em uma reunião com autoridades do Ministério da Fazenda na semana passada, conforme mostrado em suas agendas públicas, eles enquadraram a questão como uma prioridade estratégica diante dos preços mais altos do petróleo durante a guerra na Ucrânia, disse a fonte.

No ano passado, o Brasil importou 28% do seu diesel, um combustível-chave para um país fortemente dependente do transporte rodoviário para distribuição.

Funcionários do Ministério de Minas e Energia argumentaram que direcionar os benefícios fiscais de forma muito restrita limitaria os investimentos em petróleo e gás, pedindo em uma nota técnica a expansão dos incentivos para exploração, produção e transporte de petróleo e gás natural.

“O refino de petróleo continuará sendo fundamental para garantir o abastecimento por um longo tempo, portanto, é essencial que os projetos voltados para a descarbonização do refino sejam uma prioridade, pois estão aderindo à transição energética e à segurança energética”, escreveram os funcionários do Ministério de Minas e Energia no documento. “Os investimentos em refino podem ser usados no futuro para converter refinarias em biorrefinarias”, acrescentaram.

O Ministério da Fazenda se recusou a comentar. O Ministério de Minas e Energia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A empresa estatal brasileira de petróleo Petrobras (PETR4.SA) previu produção de petróleo para as próximas quatro décadas, mesmo aumentando os investimentos em energia renovável. Quando Lula assumiu o cargo em janeiro, seu governo sinalizou um retorno aos investimentos em refinarias para a Petrobras, após anos de desinvestimentos.

A Petrobras também desencadeou a maior controvérsia ambiental no novo governo de Lula com um plano de perfurar petróleo perto da foz do rio Amazonas, gerando debate entre aliados “verdes” e defensores do desenvolvimento regional de petróleo e gás.

Os reguladores ambientais rejeitaram o plano de perfuração, citando discrepâncias em estudos ambientais, mas a Petrobras está apelando da decisão.

(US$ 1 = 4,8680 reais)