O chefe máximo do HSBC critica o Reino Unido por se posicionar ao lado dos Estados Unidos contra a China, chamando-o de ‘fraco’.

O chefe do HSBC critica o Reino Unido por se posicionar contra a China, chamando-o de 'fraco'.

Sherard Cowper-Coles, que atua como chefe de assuntos públicos do HSBC, fez esses comentários em um evento fechado em junho. Na época, ele afirmou que o Reino Unido frequentemente segue o que Washington exige, acrescentando que isso não deveria ser o caso, informou a Bloomberg, citando pessoas com conhecimento do assunto.

Cowper-Coles, que também é presidente do Conselho de Negócios China-Britain e ex-embaixador britânico em Hong Kong antes da sua transferência para a China no final dos anos 1990, fez seus comentários após uma visita à China, onde falou sobre as fortes relações do HSBC com o país, relatou a publicação.

Diante da possível reação do governo do Reino Unido, sede mundial do HSBC, tanto a instituição quanto Cowper-Coles foram rápidos em observar que as declarações não representavam a política oficial do banco.

“Sherard estava em uma discussão em mesa-redonda privada sob a Regra de Chatham House e compartilhou suas opiniões pessoais”, afirmou o HSBC em comunicado à ANBLE, referindo-se a um princípio pelo qual informações de certas reuniões podem ser utilizadas sem serem atribuídas à fonte.

“Eu estava falando em um evento privado sob a Regra de Chatham House e meus comentários pessoais não refletem as opiniões do HSBC ou do Conselho de Negócios China-Britain”, disse Cowper-Coles em um comunicado. “Peço desculpas por qualquer ofensa causada.”

Preso no fogo cruzado entre EUA e China

As declarações de Cowper-Coles refletem o delicado equilíbrio que países, incluindo o Reino Unido, têm que manter em meio às crescentes tensões entre EUA e China. Esse dilema é especialmente verdadeiro para o HSBC, que está listado em Londres, mas ainda obtém uma quantia significativa de seu dinheiro da China. Em 2022, 44% dos lucros do HSBC vieram de seus negócios na China continental e em Hong Kong, e, em comparação com outros bancos estrangeiros, o banco também é um dos maiores investidores no país.

Nos últimos anos, os EUA têm reforçado os controles de exportação para a China, incluindo semicondutores. Cowper-Coles disse aos participantes em junho que os EUA exigiram que o Reino Unido adotasse uma abordagem semelhante.

Um exemplo de o Reino Unido seguir a liderança de Washington ocorreu em 2020, quando o país proibiu o fabricante de telecomunicações chinês Huawei de construir redes celulares 5G, disse Cowper-Coles aos participantes, segundo a Bloomberg. O equipamento da Huawei já foi examinado pelos EUA por ser usado como spyware pelo governo chinês, mas a empresa rejeitou tais alegações.

Cowper-Coles já criticou no passado a forma como a China é retratada pelo Ocidente. Durante uma entrevista com a emissora estatal chinesa CGTN, ele afirmou que os políticos “demonizam a China”, embora as empresas vejam a “complexidade” de operar lá.

Sob o primeiro-ministro Rishi Sunak, o Reino Unido buscou fortalecer os laços com os EUA em defesa, segurança e economia. Em março, Sunak afirmou que a China “representa um desafio para a ordem mundial” e disse que aumentaria os gastos com defesa à medida que o mundo se torna mais “volátil”, informou a BBC.

Sunak já chamou a China de ameaça para o Reino Unido e para o mundo anteriormente, e em maio ele disse que estava considerando restrições de investimento por parte de empresas britânicas na China. O primeiro-ministro argumentou que a abordagem do Reino Unido em relação à China é “muito alinhada” à dos EUA.