A Rússia ofereceu encerrar sua invasão da Ucrânia se ela abandonasse os planos de aderir à OTAN, mas Kyiv temeu uma traição, diz negociador.

Negociador revela que Rússia propôs cessar invasão da Ucrânia em troca do abandono dos planos de adesão à OTAN, mas Kyiv temeu ser passada para trás!

  • A Rússia propôs acabar com a guerra se a Ucrânia abandonasse suas ambições de ingressar na OTAN, disse um político ucraniano.
  • A proposta foi feita durante as negociações de paz logo após a invasão em larga escala.
  • “Não há, e nunca houve, confiança nos russos de que eles fariam isso”, disse o político sênior.

A Rússia ofereceu parar sua invasão na Ucrânia sob a condição de que o governo de Zelenskyy abandonasse sua ambição de ingressar na OTAN, informa o Kyiv Post.

David Arakhamiya, líder do partido Servo do Povo e chefe da delegação ucraniana nas negociações, disse que a Rússia propôs uma resolução para o conflito na primavera de 2022.

As negociações de paz ocorreram durante as primeiras etapas da guerra em larga escala na Bielorrússia e na Turquia.

A delegação russa supostamente propôs acabar com a guerra se a Ucrânia abandonasse suas aspirações na OTAN e adotasse uma posição neutra.

Arakhamiya disse que uma mudança em direção à neutralidade exigiria uma mudança constitucional, considerando o compromisso constitucional atual da Ucrânia com a adesão à OTAN.

Arakhamiya disse à jornalista ucraniana Natalia Moseychuk que a Rússia via a neutralidade da Ucrânia como uma condição fundamental para um potencial acordo de paz. “Eles realmente esperavam quase até o fim que eles nos pressionassem a assinar tal acordo para que adotássemos a neutralidade. Era a maior coisa para eles”, disse ele.

O líder ucraniano disse que havia uma falta de confiança na sinceridade da Rússia. “Não há, e nunca houve, confiança nos russos de que eles fariam isso. Isso só poderia ser feito se houvesse garantias de segurança”, explicou ele.

Assinar um acordo sem tais garantias, argumentou Arakhamiya, deixaria a Ucrânia vulnerável a uma possível segunda incursão, pois teria proporcionado à Rússia a oportunidade de se reagrupar e se preparar para outra rodada de agressão militar.

Crimes de guerra

Trabalhadores comunitários se preparam para transportar um cadáver em uma rua de Bucha, não longe da capital ucraniana, Kyiv, em 3 de abril de 2022.
SERGEI SUPINSKY/AFP via Getty Images

O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson fez uma visita inesperada a Kyiv em 9 de abril e teve um impacto no possível cessar-fogo. Johnson aconselhou contra a assinatura de qualquer acordo com a Rússia, incentivando a Ucrânia a continuar a luta. Arakhamiya lembrou a posição de Johnson, dizendo que a Ucrânia “não deveria assinar nada com eles de jeito nenhum – e vamos apenas lutar”.

Embora ambos os lados tenham expressado prontidão para uma reunião entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy e o presidente russo Vladimir Putin, as discussões foram interrompidas abruptamente quando tropas russas recuaram de Kyiv. A retirada expôs a extensão chocante dos crimes de guerra cometidos, incluindo o massacre de Bucha.

Três dias após a partida de Johnson de Kyiv, Putin declarou publicamente que as negociações com a Ucrânia haviam “se transformado em um beco sem saída”.

A expansão da OTAN tem ocorrido desde o início da guerra, com a anteriormente neutra Finlândia se juntando à aliança em abril.

O Business Insider relatou em janeiro que a decisão de Putin de invadir a Ucrânia foi um erro de cálculo, já que a guerra teve o efeito contrário, unindo a OTAN em apoio à Ucrânia.

Embora o bloco tenha sido um aliado crucial para a Ucrânia, há relutância em iniciar a adesão ucraniana enquanto estiver em guerra. Os Estados Unidos se opõem à extensão da membresia da OTAN à Ucrânia num futuro imediato para evitar o aumento das tensões do Ocidente com a Rússia.