O presidente dos Emirados Árabes Unidos para a COP28 supostamente fez lobby em favor dos interesses dos combustíveis fósseis em reuniões sobre o clima.

O Presidente dos Emirados Árabes Unidos é acusado de fazer lobby pró-combustíveis fósseis na COP28

Os documentos incluem mais de 150 páginas de briefings para reuniões realizadas por Al Jaber entre julho e outubro. Interesses comerciais do setor de petróleo e gás aparecem como pontos de discussão nesses documentos, sendo que o relatório mostra que, em pelo menos uma ocasião, uma nação fez um acompanhamento das discussões levantadas durante uma reunião com Al Jaber. Os documentos também incluíram pontos de discussão relacionados à Masdar, a empresa de energia renovável presidida por Al Jaber.

“Os documentos mencionados no artigo da BBC são imprecisos e não foram utilizados nas reuniões da COP28”, disse um porta-voz da presidência da COP28. “É extremamente decepcionante ver a BBC usando documentos não verificados em sua reportagem.”

Estima-se que mais de 70 mil pessoas participem da COP28 em Dubai, que começa em 30 de novembro e está programada para terminar em 12 de dezembro. A maior reunião climática de todos os tempos ocorrerá em um ano que provavelmente será o mais quente já registrado, e eventos climáticos extremos, agravados pelas emissões de gases de efeito estufa que estão aquecendo o planeta, causarão estragos em todos os continentes. Ao mesmo tempo, um acordo diplomático entre as nações para prevenir uma catástrofe ambiental será mais difícil, pois os países lidam com uma rápida inflação e instabilidade, incluindo as guerras na Ucrânia e em Gaza.

Quando perguntado sobre o relatório da BBC, o comissário de clima da União Europeia, Wopke Hoekstra, disse que países do Oriente Médio, como os Emirados Árabes Unidos, não podem mais “se esconder atrás da lógica do passado” e precisam garantir que os combustíveis fósseis sejam eliminados.

“Não há como escondermos ou desacelerarmos nossa ambição”, disse Hoekstra à Bloomberg TV na segunda-feira. “O foco deve estar na ação climática, ponto final”, acrescentou.

O relatório descreve Al-Jaber supostamente planejando pressionar a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, Marina Silva, para ajudar a aprovar a oferta da Adnoc pela empresa petroquímica brasileira Braskem. Silva é ambientalista e ex-candidata do Partido Verde em eleições passadas no Brasil.

“O líder da cúpula climática deveria estar focado em promover soluções climáticas de forma imparcial, e não em acordos nos bastidores que estão alimentando a crise”, disse Kaisa Kosonen, coordenadora de políticas da Greenpeace International, em um comunicado por e-mail. “Isso é exatamente o tipo de conflito de interesse que temíamos quando o CEO de uma empresa de petróleo foi nomeado para o cargo.”