Moçambique pode processar a Privinvest em Londres no caso dos ‘tuna bonds’, decide tribunal do Reino Unido
Tribunal do Reino Unido decide que Moçambique pode processar a Privinvest em Londres no caso dos 'tuna bonds'.
LONDRES, 20 de setembro (ANBLE) – Moçambique pode processar a construtora naval Privinvest no Reino Unido devido ao escândalo dos “tuna bonds” de $2 bilhões, decidiu a Suprema Corte do Reino Unido na quarta-feira, apenas algumas semanas antes de um julgamento de grande repercussão começar em Londres.
A república está processando a Privinvest, seu proprietário Iskandar Safa, o Credit Suisse e outros no Tribunal Superior de Londres por empréstimos garantidos pelo governo levantados em 2013 e 2014, centenas de milhões de dólares dos quais desapareceram.
A Privinvest argumentou que, de acordo com seus contratos com Moçambique, qualquer disputa entre as partes deve ser resolvida por arbitragem. Em 2021, o Tribunal de Apelação decidiu a favor da empresa, prejudicando os esforços de Moçambique para recuperar o dinheiro que alega ter perdido.
Mas a Suprema Corte permitiu por unanimidade o recurso de Moçambique contra essa decisão na quarta-feira, o que significa que as reivindicações da república contra a Privinvest serão ouvidas em um julgamento de vários meses que começará em 3 de outubro.
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O caso dos “tuna bonds” ou “dívida oculta” desencadeou investigações criminais de Maputo a Nova York, além de uma série de processos judiciais relacionados.
O caso remonta a três acordos entre empresas estatais moçambicanas e a Privinvest – financiados em parte por empréstimos e títulos do Credit Suisse e apoiados por garantias governamentais moçambicanas não divulgadas – ostensivamente para desenvolver a indústria pesqueira e a segurança marítima.
Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, deseja revogar uma garantia soberana em um empréstimo que alega ter sido obtido de forma corrupta e obter compensação por outras alegações de irregularidades.
Mas os casos em Londres têm sido complicados, já que a repetida falha de Moçambique em divulgar documentos-chave tem ameaçado atrapalhar o processo judicial.
A Privinvest e Safa também tentaram, sem sucesso, envolver o presidente moçambicano Filipe Nyusi no caso, com o Tribunal Superior decidindo neste mês que ele possui imunidade estatal.
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